sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Move Faster - Capitulo 6 - I belong to you... *FIM*


“There is no reason
There is no rightIt's crystal clear
I hear your voice
And all the darkness disappears
Everytime I look into your eyes
You make me love you (…)
(…) I belong to you, you belong to me
Forever”

Juntas vemos o carro deslizar falésia a baixo. Explodindo ao tocar o solo no fundo do abismo. Apertamos a mão uma à outra.

- Está feito. Já não podemos voltar atrás.

- Eu sei, Angel. Mas foi o melhor a fazer. Não podes ser presa.

Visto o casaco que tirara do carro e lado a lado com Mélanie caminho até à estrada. Coloco o carapuço na cabeça escondendo os meus cabelos loiros. Mélanie faz o mesmo e vamos caminhando na beira da estrada. Caminhamos cerca de uma hora quando avistamos novamente a cidade.
A visão do meu carro a arder assombra a minha mente e tolda-me os pensamentos. Passo pelo meio das pessoas sem sequer reparar nelas. Mélanie puxa-me pelo braço.

- Aqui!

Olho para o local que ela me aponta. Tinha acabado de passar pelo que procurava sem sequer reparar. Um cabeleireiro. Entramos as duas e retiramos os carapuços.
Uma hora depois saímos as duas de lá. Paro em frente a uma montra e olho novamente o meu reflexo. O meu cabelo loiro e liso dá agora lugar a um preto encaracolado. Mélanie abandonou o seu cabelo também loiro mas com caracóis e tem-no agora castanho escuro e liso com franja.

- Quase não me reconheço a mim própria. – comento.

- Era essa a intenção, não era?

Ambas sorrimos e seguimos o nosso caminho. Paro junto a uma limusina, abro a porta e entro. Sento-me no banco junto ao vidro que dá para o lugar do motorista. Este abre o vidro.

- Ainda bem que chegou, menina. Estava a ficar preocupado.

- Está tudo bem, Henry. Não te preocupes.

- Tome lá. – passa-me um grosso e grande envelope para as mãos.

- Obrigado. Até sempre, Henry.

- Espere! Pegue isto também. – entrega-me um papel com uma morada – A menina saberá o que fazer com ele.

Sorrio e saio do elegante carro que depressa se põe em movimento, afastando-se no meio da confusão citadina. Mostro o envelope a Mélanie, que observa os papéis no seu interior. Encolhe os ombros.

- É uma nova vida, não é? Vamos lá procurar esta casa.

Caminhamos pelas ruas, pedindo informações aqui e ali para chegarmos ao nosso destino. Finalmente encontramos a rua. Procuramos o número do prédio e entramos com a chave retirada do envelope. O nosso novo apartamento, bem no centro da cidade.
Mélanie espalha o conteúdo do envelope no sofá e começa a separar os papéis e cartões. Depois de os ter todos organizados entregamos.

- Isto é teu, Angelina Conrad. – ri-se ao pronunciar o meu novo nome.

- Muito obrigado, Melissa Catcher.

Rimo-nos as duas e no meio da confusão deixo cair o papel que Henry me dera. Apanho-o do chão e observo-o durante alguns segundos. Mélanie observa-me e ao papel.

- É a morada dele? Tens de lhe contar. Ele não merece pensar que morreste. Será que já se sabe?

Levantasse e antes que eu responda liga a televisão, onde grande maioria dos canais já dá a notícia da minha morte e da dela após o grande escândalo das corridas ilegais.
Mando-a desligar a televisão e pego no telemóvel. Escrevo uma mensagem e envio a Bill, em anónimo. Combino um encontro num local um pouco mais afastado dali a dois dias.

***

Já tenho um emprego, junto da minha grande paixão, os carros. Trabalho numa loja de peças e alteração de automóveis. Mélanie encontrou o local perfeito para ela, um atelier de moda.
Arrumo as últimas peças nas prateleiras, antes de sair da loja para ir para casa. Ouço música através da televisão colocada junto ao balcão.
A música pára repentinamente, dando notícia de um grave acidente ocorrido. Paro em frente da televisão a ver.

Brian Kendrix morre num aparatoso acidente de automóvel, durante uma corrida ilegal. O acidente ocorreu esta madrugada em território alemão. O americano despistou-se embatendo contra uns separadores de betão que lhe provocaram a morte.
Curiosamente, foi ele que, há alguns dias atrás, revelou o facto de a sua ex-namorada participar em corridas ilegais, a falecida Angelika Morgan.


Desligo a televisão, apago as luzes e saio da loja. Volto para casa onde Mélanie, agora Melissa, me espera. Já está pronta e apressa-me para que me arranje.

- Eles vão pensar que estão a ver fantasmas. – ri-se deitada sobre a minha cama.

- Sim. – respondo enquanto me observo no espelho.

*Flashback*

- Tens a certeza, Angel?

- Sim, Bill.

Selamos o nosso primeiro e único beijo. Dois dias antes da minha partida para os Estados Unidos. Dois dias antes da separação. Mas o beijo ficou gravado na memória. O nosso primeiro beijo…

*End of Flashback*

***

Estamos na mesma falésia onde o meu carro foi destruído. Onde Angelika Morgan e Mélanie Phelps desapareceram para sempre. Os destroços já não se encontram no fundo da falésia, foram retirados no dia anterior. Observo o sol que começa a desaparecer, a pôr-se no horizonte.
Um grande carro preto aproxima-se. É o carro de Tom. Pára a alguns metros de nós e ele e Bill abrem as portas, saindo em seguida. Com algum receio mantém-se ao lado do carro sem se aproximarem.
Por trás dos óculos de sol, uma lágrima escorre pela minha face.

- Eu disse que nunca te esqueci e que nunca te esqueceria. Tu esqueceste-me? – pergunto virada para Bill.

Ele olha-me e franze a sobrancelha sem perceber. Depois a expressão de incompreensão dá lugar a um sorriso radioso e corre até mim. Pega nas minhas mãos e depois ergue os meus óculos de sol, olhando-me nos olhos.

- Pensei que te tinha perdido para sempre. – sussurra junto do meu ouvido enquanto me abraça.

- Nunca. Eu pertenço-te.

- E eu a ti…

Beijamo-nos, um beijo calmo, sem pressa, um beijo de dois eternos amantes separados anos antes pela distância. Um beijo de amizade, carinho e amor. A continuação do beijo do parque em crianças e que nunca foi esquecido.
Separamo-nos e ficamos a ver o pôr-do-sol, sentados na falésia com Mélanie e Tom ao nosso lado. Os quatro. As três pessoas mais importantes da minha vida. As únicas pessoas que posso considerar família…

Para sempre…

*FIM*