sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Move Faster - Capitulo 2 - Get the hell out of here


Capitulo 2 – Get the hell out of here http://br.youtube.com/watch?v=xB7pQpNx-F4

“'Cause it makes me that much stronger
Makes me work a little bit harder
It makes me that much wiser
So thanks for making me
a fighter
Made me learn a little bit faster
Made my skin a little bit thicker
Makes me that much smarter
So thanks for making me
a fighter”


- Não sei porque vens comigo se não gostas do que faço…

Observo Mélanie pelo canto do olho enquanto conduzo. Acelero mais colando o meu pé direito ao tapete e sorriu ao verificar que Mélanie se agarra ao banco imediatamente e como se disso depende-se a sua vida. Olho para o mostrador na minha frente e vejo a velocidade a que conduzo, 180 km/h, abrando e a pálida Mélanie ganha um pouco de cor. Já é de noite e a cidade encontra-se iluminada por milhares de luzes que lhe dão um ar misterioso mas bonito ao mesmo tempo.
Ela começa a fazer zapping no rádio do carro até encontrar uma emissora que considera estar a passar boa música. Para ela, boa música tanto pode ser um fado como um heavy metal, não tem gostos definidos, mas pelo menos assim nunca nos desentendemos por causa da música no carro.
Chegamos finalmente ao local pretendido, abrando e vou observando as pessoas que por ali se encontram.

- Ainda hoje chegaste e já te vens meter nestas coisas. Se o teu pai descobre o que fazes, nem quero ver.

- Não descobre. E não agoures! Sim?

Mais de 50 carros encontram-se ali concentrados na estrada que dá acesso à saída da cidade. Todos eles alterados e com as portas das malas abertas exibindo as grandes aparelhagens musicais. Tenho esta paixão por carros alterados desde que me mudei para os Estados Unidos, mas não é esse o motivo pelo qual me encontro aqui. O que me traz aqui é a minha outra grande paixão.
Se pensaram que a minha paixão é as corridas de carros, posso dizer-vos que acertaram. Adoro-as. Se pensaram que apenas venho assistir, enganaram-se. Venho aqui para participar.
A adrenalina da velocidade faz-me sentir viva, faz-me sentir verdadeira dentro deste mundo de falsidades. Preciso disto como preciso do ar que respiro para viver.
Paro o carro num espaço livre e retiro o cinto de segurança, vejo que algumas pessoas observam o meu carro. Não dou importância, sei que tenho uma bela máquina, a menina dos meus olhos.

- Vou dar uma volta por aí. Ver a concorrência. – sorrio e saio do carro. Ela prefere ficar.

Caminho um pouco observando os carros que por ali se encontram, sinto-me ser observada à medida que passo. O espaço é maioritariamente ocupado por homens, apesar de circularem por ai várias raparigas, estas vêm simplesmente assistir e apoiar os seus “namorados”, pareço ser a única rapariga com intenções de participar nas corridas.
Paro junto de alguns carros e observo as alterações, enquanto ouço os seus donos falarem dos grandes feitos que já fizeram com eles, e observo os motores. Alguns muito bons, outros nem por isso. Falo com algumas pessoas para saber como funcionam as coisas por aqui e se qualquer pessoa pode participar.
Caminho mais um pouco até que paro em frente de um BMW azul com efeitos prateados. Observo-o durante uns segundos e dou a volta ao veículo. Volto a parar junto da mala.

- Podia jurar que conheço este carro.

- Pois conheces. – uma voz nas minhas costas – Eu sabia que não conseguirias resistir à tentação de vir aqui.

- Brian?? Que fazes aqui?

- Procurei-te em Milão, mas andaste muito calminha por lá. Não levaste o carro nem nada. Mas quando soube que a Mélanie embarcou para aqui com o teu carro, calculei que não te conseguirias manter afastada por muito tempo. Tu precisas disto.

- Eu preciso é que desapareças da minha frente. – tento passar por ele, mas ele impede-me – Já agora. Como soubeste que ela vinha para aqui e que vinha ter comigo?

- Não subestimes os meus contactos e o meu poder de descobrir aquilo que quero. Neste caso, tu. Continuas aqui… - aponta para a palma da sua mão – …na minha mão.

- Nos teus sonhos querido. – afasto-me dele.

Brian é um ex-namorado meu que nunca aceitou que eu o tenha deixado. Apesar de eu não ter arranjado mais ninguém, ele continua furioso com a minha atitude.

- Nós temos um contrato. Não podes fugir dele. – ri-se – Que me dizes a uma corridinha? – agora o seu sorriso é cínico.

- Claro, meu querido. – aproximo-me dele lentamente. As nossas caras ficam a escassos centímetros uma da outra. – Estava mesmo a pensar nisso.

Sem que ele tenha tempo de perceber o que se passa ou de reagir, ergo o meu joelho direito com força e velocidade em direcção a ele. Acertando-lhe em cheio onde queria.

- Vê se desapareces!

Deixo-o caído no chão, encolhido com as dores, perante os risos e a troça das pessoas que assistiam à discussão.
Afasto-me com passos largos acabando por me esconder atrás de um jipe. Escorrego até ao chão. Deito as mãos à cabeça.

Isto só a mim.
Nem aqui me livro deste traste.
Hoje já não vai haver corrida para ninguém.

- Angel… - puxo Mélanie para baixo sem a deixar terminar o nome.

- Fala baixo. E está quieta!

- O que se passa? Por que é que estás aqui escondida? – pergunta-me enquanto se senta no chão ao meu lado.

- O Brian está aí.

- Aquele…

- Controla-te mulher… Não insultes que não vale a pena, é dar-lhe importância a mais. – espreito para o local onde o deixei, ele encontra-se agora de pé, já recomposto.

- Como é que ele teve a lata de te seguir até aqui? Ele quer mesmo acabar com a tua vida… Parvalhão…

Ignoro os insultos que ela sussurra a seguir e volto a espreitar Brian. Ele encontra-se de costas para o local onde estamos e olha atentamente para um carro. Agarro Mélanie por um braço e puxo-a comigo para o carro. Entramos as duas.

- Ei! Eu não vou dentro do carro contigo nas corridas!

- Hoje não há corrida para mim. Ainda não percebeste que ele está aí para me tentar apanhar na pista? Não posso competir contra ele. Tu sabes o que ele faz…

- Sim, amiga, eu sei. Vamos para casa.