sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Move Faster - Capitulo 5 - It's over...


Capitulo 5 – It’s over… http://br.youtube.com/watch?v=_Wr50NZIB1g

“I tried so hard
And got so far
But in the end,It doesn't even matter
I had to fall
To lose it all,But in the end
It doesn’t even matter (…)

(…) Things aren't the way they were before
You wouldn't even recognize me anymore
Not that you knew me back then
But it all comes back to me
In the end”

Cinco minutos depois chego ao portão de casa onde me esperam Bill e Tom. Paro o carro e ambos entram, Bill para o meu lado e Tom para trás. Entrego o papel com a morada a Bill que o mostra a Tom e ambos indicam-me o caminho.
Dez minutos de estrada e entramos numa rua sem saída ladeada por grandes armazéns. Vamos olhando para os números do lado direito dos portões. Procuramos o número cinco. Paro o carro ao ouvir uma exclamação indistinta de Tom, que aponta para um armazém. É o que procuramos. Saimos os três a correr do carro.
O portão está entreaberto, espreito e ouço murmúrios ao longe. Abro mais o portão deixando que Bill e Tom vejam para dentro também.

- Mélanie? – chamo.

Novo murmúrio, desta vez mais forte. Pego no telemóvel e abro a tampa de modo a ter um pouco de luz. Caminho ao longo do portão procurando um interruptor. Encontro e acendo as luzes, que vão ligando por fases até a última fase iluminar Mélanie amarrada numa cadeira.
Corro até ela, Bill fica no portão a ver se aparece alguém, Tom corre atrás de mim. Ambos chegamos a Mélanie e retiramos-lhe as amarras e a mordaça da boca.

- Angel…Graças a Deus. O Brian… - diz atropelando as próprias palavras.

- Já passou. Ele não vai chatear mais. – digo-lhe dando-lhe um beijo na testa e ajudando-a a levantar-se. Tom ajuda do lado contrário. – Ele fez-te alguma coisa?

- Não. Apenas me amarrou aqui.

Saimos do armazém fechando o portão na saída. Entramos no carro e dirigimo-nos para minha casa. Henry abre-nos a porta e traz um kit de primeiros socorros para tratar de algumas feridas de Mélanie.
Esta acaba por adormecer na sua cama poucos minutos depois de a depositar-mos lá. Fico uns segundos a observá-la da porta do quarto. Depois apago a luz e vou para a sala. Despeço-me dos rapazes que vão para sua casa.
Sento-me no sofá e fico a olhar o vazio.

***

Mélanie entra na sala de manha cedo, ainda me encontro lá. Não fui dormir, o sono não é nenhum e a minha cabeça anda a 1000 à hora. Ela senta-se ao meu lado e conto-lhe o que aconteceu no dia anterior.

- O que achas que vai acontecer agora? – pergunta-me.

- Não sei. Gostava de saber, mas não sei. Mas acho que ficaremos a saber mais cedo do que imaginamos.

Ela assente e encosta a sua cabeça no meu ombro. Ficamos assim longos minutos até Henry entrar a correr na sala e ligar a televisão.

- Menina! Menina! Veja isto.

Muda de canal apressadamente até ao canal que deseja mostrar. No ecrã aparecem fotografias minhas ao volante do meu carro durante as corridas. A notícia vai passando também no roda pé do noticiário. Pego no comando e mudo de canal, mas as minhas fotografias perseguem-me. Vários outros canais passam exactamente a mesma notícia.
Desligo a televisão e levanto-me do sofá. Sinto os olhos de Mélanie cravados em mim, os de Henry também, ambos me observam atentamente esperando uma reacção.

- Parece que já sabemos o que aconteceu.

Saiu da sala em direcção ao jardim, os meus pensamentos são interrompidos pelo toque do meu telemóvel, ainda colocado no bolso das minhas calças desde a noite anterior. Retiro-o de lá e atendo sem ver quem é.

- Sim?

- Angelika! Não saias de casa que estou a entrar no avião para ir para aí.

A voz do meu pai soa ríspida do outro lado e desliga após esta frase. Esta ordem. Volto para dentro e aviso Henry da chegada do meu pai. Este prepara-se para ir para o aeroporto buscá-lo. Volto a sentar-me no sofá. Ele está a uma hora de viagem, estava numa reunião na Bélgica.
Hora e meia depois a porta da frente abre-se. Eu e Mélanie levantamo-nos do sofá e observamos o meu pai que se encontra parado na porta a olhar-nos seriamente.

- Bom dia, tio.

- Sai daqui Mélanie!

Ela olha-me e sai a correr da sala. Ouço a porta do seu quarto bater no andar de cima e vejo o meu pai avançar para mim. Vejo-o esticar a mão e desvio-me no preciso momento em que ele se prepara para me dar um estalo. Afasto-me alguns metros, olhando o seu rosto furioso.

- Quero-te fora desta casa ainda hoje! Esquece que sou teu pai! Espero que te lembres que podes ser presa pelo que fizeste! Foste uma vergonha para mim. – grita-me.

Não respondo, vejo-o virar costas e sair de casa seguido por Henry. Não me mexo. Fico parada no meio da sala sem capacidade de reacção. Em estado de choque. Ouço Mia descer as escadas a correr e parar ao meu lado.

- Os meus pais já sabem. Não querem que eu volte para casa. Eu ouvi o teu pai. O que fazemos?

Não lhe respondo. Saio da sala, ela não me segue. Sabe que preciso de estar sozinha para pensar e tomar uma decisão quanto ao que fazer a seguir.

***

Estou sentada no telhado da casa, desde pequena que este é o meu local favorito nesta casa. Henry é o único que sabe onde fica o meu refúgio.
Ouço passos atrás de mim. Não me viro.

- Deixa-me sozinha, Henry.

- Não é o Henry. – Bill pousa as mãos nos meus ombros, ajoelhando-se atrás de mim.

Não diz nada, não precisa. É óbvio que já sabe de tudo o que aconteceu. Fica apenas sentado ao meu lado e aperta a minha mão com força, tentando transmitir-me calma e serenidade. Faz o mesmo que fazia anos atrás quando sabia que eu estava nervosa.

- Nunca te esqueci. Estiveste comigo estes anos todos. – digo-lhe.

- O que vais fazer agora?

Levanto-me e sacudo as calças. Olho à volta da casa, nenhum jornalista adivinhara a minha morada na Alemanha.

- Agora, vou acabar com isto.

Saio do telhado, passo pela sala e dirijo-me para o carro. Mélanie corre atrás de mim ao ver-me passar pela sala. Entra no carro comigo.
Mando abrirem os portões e pelo retrovisor vejo Bill aparecer a correr na porta. Arranco a grande velocidade. Só parando dez minutos depois em frente a um hotel.

- O que vais fazer?

- Preciso de entregar uma coisa ao meu pai.

Saio do carro e entro no hotel, é lá que o meu pai está enquanto espera que eu abandone a casa. Sei disso pois é sempre lá que ele fica quando vem à Alemanha. Nunca usa a casa. Entrego um envelope na recepção dirigido ao meu pai. E saio de volta ao carro.
Dentro do carro falo com Mélanie. Ela concorda com a minha decisão.

***

Paro o carro em frente a uma falésia. Aperto a mão de Mélanie. Olhamos uma para a outra e sorrimos.

- Tens a certeza? – pergunto-lhe.

- Absoluta. É agora ou nunca. Estaremos sempre juntas em tudo!

Sorrio-lhe em resposta. Largo a sua mão e volto a ligar o motor do carro. Olho novamente o horizonte para lá da falésia.
Meto a primeira mudança e colo o acelerador ao chão.

***

No hotel a carta é entregue ao destinatário, que a abre prontamente, lendo-a até à última palavra enquanto se senta na beira da cama.

Olá.
Desculpe se o desiludi, mas você sempre soube que eu não sou a boneca de porcelana que queria que eu parecesse. Sempre soube que eu aparecia nos eventos só para o agradar. Eu nunca quis aparecer, nunca gostei.
Não sou uma boneca de porcelana nem o quero ser. Quero ser apenas eu, com todos os defeitos que tenho e que eu pensava que respeitava.
Se não me quer na sua vida, eu faço o favor de desaparecer dela. Não quero ser um estorvo à sua imagem e poder.
Escrevo-lhe esta carta para me despedir.
Nunca mais vai ter de se preocupar comigo.
Adeus…